24.5.07

Ermida do Cristo do Silêncio


Do programa preliminar proposto, relevamos a vontade de adaptação de um posto de transformação de energia, desactivado, a um espaço de contemplação e silêncio, aberto à comunidade local e de apoio à dinâmica pastoral da comunidade religiosa que o integra.
Um volume paralelipipédico com 25 m2 de área e uma altura interior de quatro metros, constitui o suporte e oportunidade de regeneração de um espaço desvitalizado. Procurou-se a forma envolvente e unificada em torno do altar restituindo tangibilidade às reformas profundas do Concilio do Vaticano II.
Propôs-se a reorganização espacial interior da primitiva área técnica, filtrando a luz exterior e revestindo as paredes de branco... Um banco em madeira de riga abraça o espaço, convocando a identidade de uma comunidade reunida em torno de um altar.
No exterior, uma estrutura metálica de ferro e arame zincado conduzirá o revestimento final em planta trepadeira caduca, recaracterizando o volume primitivo. O revestimento final exterior em vinha virgem, procura no ciclo das estações e na metáfora bíblica do “Vinhateiro” a dimensão universal da Igreja.
Arquitecto Bernardo Pizarro Miranda


Projecto
Ermida do Cristo do Silêncio
Localização
Casa de Oração de Santa Rafaela Maria, Quinta de Santo António, Serra do Louro, Palmela
Datas
2005
Arquitectura
Bernardo Pizarro Miranda
Colaboração
Dina Gonçalves Ferreira e Miguel Gorgulho
Clientes
Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus
Fotografia
DMF Fotografia, Lda Daniel Malhão, Bernardo Pizarro Miranda

2 comentários:

Marta Silva aci disse...

http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/93681.html

Anónimo disse...

Isto era um antigo posto de electricidade numa quinta a sul
de Lisboa. Era muito mais do que uma caixa metálica sem
graça, era um verdadeiro obstáculo na paisagem porque
além de estar desactivado e ser feio, ocupava espaço visual.
Nesta quinta, perto de Palmela, fazem-se retiros de silêncio
e existem capelas grandes e pequenas mas não havia uma
ermida. Até ao dia em que as Irmãs Escravas, que lá moram,
decidiram pedir a um arquitecto que transformasse o posto
eléctrico num espaço de oração e silêncio.
O arquitecto pintou a estrutura metálica de cinzento, limpou o
terreno em volta, delimitou um patamar de entrada que cobriu
de pedrinhas brancas e reconstruiu o interior do antigo posto.
Manteve todas as árvores que já havia e o reflexo das mais
próximas vê-se agora no vidro da porta de entrada.
Esta porta tem um som e um ritmo próprios quando se abre
e fecha. Faz uma espécie de vento surdo que não chega a
perturbar quem está lá dentro a rezar.
Um som e um movimento lento que não resisto a mostrar.
Sou 'impressionista', gosto de fragmentos, olhares, gestos
e coisas avulsas que me tocam e é por isso que passo
a vida a gravar 'impressões'. Estive em Palmela com amigos
este fim-de-semana. O silêncio foi demorado e rezado, claro.
Nesta ermida a luz vem de cima e ilumina um espaço branco,
de ângulos rectos e gosto depurado.
A estética também importa quando se trata de fazer silêncio.
Para além do vidro da porta de entrada e da clarabóia no
tecto existe uma pequena janela quadrada, rente ao chão,
por onde se vê como cresceram as guias de vinha virgem
que o arquitecto se lembrou de mandar plantar há um par
de anos, para cobrir o posto eléctrico e transformar um sítio
banal espaço muito especial. Um verdadeiro lugar sagrado.
O nome do arquitecto inspirado? Bernardo Pizarro Miranda.